Ela é a morte de capa preta
Deambulando de foice aguda
Na escura noite impura
Eis a sorte de quem se isenta
Sua afiada foice cor-de-prata
Corta todos os peitos usados
O pulmão rouco ensanguentado
A dor cadente de quem se mata
E a morte leva a todos em vida
O cão, o mendigo, o velho
Todos serão estirpados pelo fio
Da foice da morte da vida
Eis que encontra um poeta
Portando uma flor de rijos espinhos
Suas lágrimas caíam molhando
A folha amarela e seleta
Vens comigo, poeta, e largue este papel
Esqueça-te deste mundo triste de fel
A paz (efêmera) existe, e bem longe daqui
Basta vires a mim, poeta, amigo meu
O poeta mirou-se, dilacerado e sozinho
Dona morte, não te quero, eu sou assim
Sou de toda tristeza no mundo, amigo
Mas tenho toda certeza que sou feliz
No fundo...
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