Procuras o pranto, poeta?
Gritas e clamas e bradas
pelo pranto, de tom salgado, poeta?
Vives e vês mês a mês
irem-se em branco, acolá, além
da poesia finada, esteta?
mas, e agora, ex-poeta?
Deambular qual ermitão
pela sala - infinita de vazios -
não te trará versos lacrimosos
contentes de pureza.
Não há de brotar do chão flor
alguma que chupe poesia e
te dê numa pétala de seda.
Poeta, não vês que agora és
Ex-poeta - possuidor de vasta
extensão inócua em teu peito - ?
Não vives mais teu viver fausto
de poesia em poesia, não és mais
gigolô da arte, da morte e da dor.
Tu Morrestes em tua própria alegria.
Vives agora para a felicidade de ser,
no vazia cadência de sua serenidade,
feliz. Oh! ninfas do mar e poetas soberanos
que já não vivem tristes e morrem felizes
que já não masturbam idéias e versos
para gozar de íntima felicidade
no torpor de um pranto infeliz
Ajudai-o, seres do além, não
deixeis um poeta morrer, não matais
outro um homem de contentamento!
Reencarnem neste homem a melancolia
Salvai esta pobre alma penada do rir!
salvai-o da tristeza de se fazer feliz!
Salvai um poeta, oh! salvai um poeta,
poetas!
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