Era um prato fundo de vazio, roto nas bordas
Ele estendeu-me aos olhos, que o desprezaram.
Nesse prato cabiam todas cóleras da alma
Cabia todo o sangue que aquela face fraca
jamais jorraria durante a eternidade.
Nesse prato, o vazio do estômago se encontrava
Com o vazio do descaso, eram complementares.
Era nesse vácuo chupante do prato que o homem
Apoiava sua vida e me entregava... um prato
Fundo de vazio, dormindo em vão enquanto inútil.
O homem não o largava, já não mais tinha papo
Simplesmente estendia-me e gritava: olha o prato!
Era um brado! E eu, acabado, cansado de tanto prato
Ignorava-o, fitava o horizonte mal-acabado e seguia
Pisando o asfalto, cruzando a rua, avante, calado.
O prato vácuo-chupante fundo de cóleras
Era um fato, roto, desprezível em mãos rotas.
E a eternidade aguardava o pato, o prato nas
Mãos do morto, era o sangue no prato roto
Jorrando cólera enquanto vazio, inútil, oco.
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