Suas melenas vastas, desritmadas
Eram casas cheirosas, sagradas
Que inalava o homem. Seus olhos
Cerrados, pulmões infiltrados.
O odor doce era o que o homem
Sentia no peito, a moça, o cheiro
Âmbos sufocantemente
prazenteiros.
Seus olhos lambiam-se com gana
Eram olhos de cansaço, calados.
A cada entreolhada, o coração
Disparava, e suava e rodava.
Miravam-se, a tez, a boca, o tórax
O ventre, o quadril, o ventre...
Suas pernas tremiam, o corpo
não mente.
E o homem com seu tato dormente
Entre afagos despropositais
Sentia o que nenhum homem sente
Em carinhos tão reais.
A moça, sorria e lhe retribuía
Virando a face, corada, cansada
Revelando a dureza do dia e o que
Nele havia.
O momento aguçava-lhes a espinha
E seus exalos* foram ficando
Vezes mais breves, como que sabendo
O destino de suas peles.
Oh, quanta dor o homem sentiu
Quando sentiu-se arrastado ainda
Em pé, perdendo a anônima de vista
Lá pela estação da Sé.
*Exalos = Dá pra entender o que é.
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