Passeando os olhos no firmamento
Meus dedos em mãos tateiam o vento:
És tu, menina doce, a quem vagava?
A amada invisível, o amor alvo
Em cujas pétalas se encerrava?
A quem eu trago a poesia
Como quem traga a toxina
Que me pia a cotovia?
Eu te alisaria, menina pura,
Mas precisaria ser mais sublime
E evaporar nas quedas de um cabelo
Manter-me alto e sereno...
(Quisera eu morrer no sentimento.
Um infinito infinitos de lamentos)
A lua súbita e inerte permanecia
Pudera eu cantá-la a sorrir em teus braços,
Mas tua alma ainda se aterrava no azul...
E eu sorria, súbito e inerte.
Os dois traços que te definiam
Definhavam-me o desespero
E derramavam um orvalho de futuro
No terreno de um poeta.
Se tinhas os olhos invisíveis
É pois que eu mirava o oblíquo
Se tinhas a tez invisível
É pois que eu beijava o vácuo
Se tinhas a boca invisível
É pois que eu lambia a morte
E não morria.
Menina doce de rosto em riso
E o braço curto para os ois,
Se materializa e me sublima
Como um bravio de um vento forte...
Quisera eu, amor em sonho,
Morrer de amor antes da morte!
Um comentário:
(leitura terceira/ de minha parte)
Toques, gostos, odores. Imprecisa precisão das palavras. Tocam-me, acariciam-me. Meus sentidos expostos, abertos em ferida. Meus olhos correndo pelas linhas, curtas.
De súbito, um alívio lindo de se sentir. A morte do amor.
(não sei dizer, não sei se preciso dizer, mas me toca, me tocou)
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