domingo, 13 de fevereiro de 2011

Vaganças

Passeando os olhos no firmamento
Meus dedos em mãos tateiam o vento:
És tu, menina doce, a quem vagava?
A amada invisível, o amor alvo
Em cujas pétalas se encerrava?
A quem eu trago a poesia
Como quem traga a toxina
Que me pia a cotovia?

Eu te alisaria, menina pura,
Mas precisaria ser mais sublime
E evaporar nas quedas de um cabelo
Manter-me alto e sereno...

(Quisera eu morrer no sentimento.
Um infinito infinitos de lamentos)

A lua súbita e inerte permanecia
Pudera eu cantá-la a sorrir em teus braços,
Mas tua alma ainda se aterrava no azul...
E eu sorria, súbito e inerte.

Os dois traços que te definiam
Definhavam-me o desespero
E derramavam um orvalho de futuro
No terreno de um poeta.

Se tinhas os olhos invisíveis
É pois que eu mirava o oblíquo
Se tinhas a tez invisível
É pois que eu beijava o vácuo
Se tinhas a boca invisível
É pois que eu lambia a morte

E não morria.

Menina doce de rosto em riso
E o braço curto para os ois,
Se materializa e me sublima
Como um bravio de um vento forte...

Quisera eu, amor em sonho,
Morrer de amor antes da morte!

Um comentário:

Tamiris Maróstica disse...

(leitura terceira/ de minha parte)

Toques, gostos, odores. Imprecisa precisão das palavras. Tocam-me, acariciam-me. Meus sentidos expostos, abertos em ferida. Meus olhos correndo pelas linhas, curtas.

De súbito, um alívio lindo de se sentir. A morte do amor.

(não sei dizer, não sei se preciso dizer, mas me toca, me tocou)