domingo, 2 de agosto de 2009

A Esquina do Breu


Seus olhos miravam o infinito vazio
Ante a fumaça volátil pairante.
Eram olhos sanguinários, desesperados,
Discordantes da mente, reacionários!
Por força maior, donos de seu bestiário.

O cérebro decadente sentado na fumaça
Não mais erguia pontes como d’antes...
A máquina se entrevava pelas ligas do tempo
E, não mais atento, estava isento
De suar a horas preocupantes.

Pobres mãos de drogas carburantes!
Do homem, não mais são o avante,
São fortes armas de auto-morte,
São as balas desejadas na agulha,
São o fel e os papéis de deporte.

Tragava com força a boca a peçonha
Chupava e soprava a bruma vil
Aos olhos azedos da pessoa à toa...
E a boca sem dentes, chorava a morte
Causada (e tanto) por quem mais serviu...

Seus olhos miravam o infinito vazio
Ante a fumaça volátil pairante.
O homem na esquina do breu, de antes
Secava-se só, sozinho queimando
A vida, o réu, matando o errante.

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