Os olhos de Lucília flutuavam...
Era uma estrela lá voante,
Era um voo cá passante
Em balões que alumiavam.
Mas um cometa ateu rasgante
Rasgou nimbos que se amavam:
Eram nimbos que rolavam
E sob o vento se engraçavam
Neste espaço cintilante.
Mas Lucília, essa menina
De olhos amendoados
Não via olhos de um noivado
Nem de um puro namorado.
Lucília se avoava
Querendo o céu infindo...
Lúcília, então, elucida
Para o pio corpo finito
Que não mais carne quer pois ser
Pois que tem um corpo aflito.
Lucília, essa menina
Quer ser nimbo bonito.
E põe bonito pra Lucília
Que mais parece a filha
De uma ofensa, de um mal dito.
Via as núvens tão disformes
Que se amando sem pudor
Diziam à Lucília, pobre :
Por que não dormes?
Por que a dor?
Lucília se açoitava
E gritava ao esplendor:
São feias e disformes!
Cottons gordos e enormes
Mas têm amores e têm amor...
Tem um pálio infinito
E outras nimbos, outro agito
Diferentes dessa morte
Que me é lenta e consorte
E me é a vida sem cor...
Sob o imenso pálio aberto
Nossa Lucília anuviou...
Virou nimbo de tez cinza
Carregada e precisa
De gotínhas de calor.
Precipitou, então, um dia
Lenta, à face de um senhor
Pobre pai - o de Lucília
No enterro da menina
Lhe entregando à bela flor.
3 comentários:
Cara, apreciei muito este.
Valeu, rapaz!
Ultimamente ando um tanto quanto "prosa", por isso estou fazendo algumas baladas... =D
Essa foi inpirado pela obra Via-Láctea do Bilac e pelas baladas do Vinicius, naturalmente. Abçs.
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