quinta-feira, 10 de junho de 2010

Velo

(ganhador do III Prêmio Literário Canon de Poesia e publicado em sua antologia)

http://www.s2publicom.com.br/imprensa/ReleaseTextoS2Publicom.aspx?press_release_id=24377

Hoje eu vim velar a poesia:
Cerrar seus globos finos
E valer a arrefecia.

Vim deitar em seu peito
Vim deitar na sua mão
Repousar em seus miúdos
Mudos versos de amplidão
(Como pousa o mar na areia
E o terror na escuridão).
Não mais linhas, poesia
Não mais som, mia poesia
Não mais cadência e imponência
E a valência e mais-valia.
Enquanto rezam Ave-Marias
As velhas do sermão
Eu Vejo arder Bilac
Labareda de expressão:
Tácito fogo que estala
Caatinga de cantiga que é
Caatinga de cantiga
Palavrada vai queimada
Caatinga de cantiga que é
Caatinga de cantiga
Se imaculam na tostada
Caatinga de cantiga que é
Caatinga de cantiga
E o contrário ocorre então.
Caatinga de cantiga que é
Caatinga de cantiga.

Após disforme a poesia
Eu choro a perda minha
E fecho o meu caixão.

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