Oh pobres putas molhadas da fonte
Não sabeis nada além da valsa que encantam
Não sabeis da tristeza de se saber humano
Não viveis do pão seco e da lágrima salgada
Só, sois o adorno do horizonte
E o descaso ante a falta de
Dignidade, roubada.
Oh putas, dançarinas coloridas
Saltadoras, jatos, cristais líquidos
Divisoras de raios
Sejam vermelhos rabiscos ou arcos dourados
Sois o revés do pranto e do amor cerrado
Pois há vida em vossas cores e nas
Alturas - tão imensas - sois vividas.
Putas, sejais sempre putas
Turvas e imbebíveis prostitutas
Da noite
Quanto desprezo, quanta beleza
Tem na infindável jornada
De vossas vidas, que se acabam
Num só beijo ao cair da altura
Tão vivida!
E o homem que não sobe
Que não vive, que não dança
Morre seco na calçada
Sonhando a puta molhada
Monocromático de esperança.
Um comentário:
Arthurzão, essas são impressões colhidas naquela noite da exposição Genonimia? Muito interessante? MAHRAHÇA
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