sábado, 5 de julho de 2008

Ode(o) às águas do Ibirapuera

Oh pobres putas molhadas da fonte
Não sabeis nada além da valsa que encantam
Não sabeis da tristeza de se saber humano
Não viveis do pão seco e da lágrima salgada
Só, sois o adorno do horizonte
E o descaso ante a falta de
Dignidade, roubada.

Oh putas, dançarinas coloridas
Saltadoras, jatos, cristais líquidos
Divisoras de raios
Sejam vermelhos rabiscos ou arcos dourados
Sois o revés do pranto e do amor cerrado
Pois há vida em vossas cores e nas
Alturas - tão imensas - sois vividas.

Putas, sejais sempre putas
Turvas e imbebíveis prostitutas
Da noite
Quanto desprezo, quanta beleza
Tem na infindável jornada
De vossas vidas, que se acabam
Num só beijo ao cair da altura
Tão vivida!

E o homem que não sobe
Que não vive, que não dança
Morre seco na calçada
Sonhando a puta molhada
Monocromático de esperança.

Um comentário:

Mahrahça disse...

Arthurzão, essas são impressões colhidas naquela noite da exposição Genonimia? Muito interessante? MAHRAHÇA